quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Manual do Senhor de Escravos



Se já é difícil comandar esse sistema chamado escritório, em que o trabalho é recompensado com dinheiro, imagine administrar uma roça onde a única certeza do "funcionário" é levar umas chicotadas nas costas. Pois era exatamente essa a missão de um fazendeiro nos tempos do Brasil escravagista - desafio para deixar qualquer diretor de recursos humanos de hoje com os cabelos em pé.
Para resolver o problema, uma série de senhores de engenho e missionários se dedicavam a escrever manuais sobre como lidar com escravos. Algumas dessas "dicas" estão no recém-lançado livro Feitores do Corpo, Missionários da Mente (Companhia das Letras), do historiador Rafael de Bivar Marquese. É uma bela chance de entender a lógica hedionda de um sistema que se baseava em trabalhadores tratados como animais, mas que precisavam ser administrados e estimulados como eram - seres humanos. As questões "banais" do dia-a-dia de um escravocrata incluíam desenvolver as melhores técnicas para evitar fugas, açoitar mulheres sem despertar a ira dos homens ou descobrir que raios fazer com crianças que ainda não tinham idade para trabalhar.
Feitores revela os dilemas que cada grupo enfrentava na hora de aplicar suas idéias. Religiosos insistiam na educação cristã dos cativos. A metrópole colonizadora se preocupava com o abastecimento de novas "peças". Senhores se esmeravam em explorar ao máximo seus subordinados. Desnecessário dizer: a única coisa que não entrava em pauta era acabar de uma vez por todas com a escravidão.


REPRODUÇÃO
Problema: Manter a oferta de escravos quando abolicionistas pressionavam pelo fim do tráfico
Solução: Em 1803, o inglês Dr. Collins bolou um "bônus" para negras que engravidassem: pelo primeiro filho, a mãe seria dispensada dos trabalhos no campo. O segundo valia uma folga quinzenal. O terceiro, folga semanal. Pelo quarto, dois dias de descanso. Pelo quinto, três e pelo sexto filho, finalmente, ela se tornaria uma pessoa livre. A prole, é claro, ficava na senzala

CONTROLE DE FUGAS
Problema: Evitar fugas de escravos
Solução: Castigar fujões era um bom remédio, mas não o único nem o que trazia melhores resultados. Mais eficiente era permitir que os cativos criassem porcos ou galinhas e cultivassem roças ao lado da senzala. O senso de propriedade despertava a fidelidade: quem se arriscaria a trocar o certo pelo duvidoso e perder os bens fugindo para o matagal bravio?

ALIMENTAÇÃO
Problema: Controlar os custos com a alimentação
Solução: Ser mesquinho não era bom negócio - cativos famintos roubavam para comer. Melhor para os senhores era reservar semanalmente 1 quilo de farinha e 900 gramas de carne salgada por escravo. A distribuição não deveria ser feita aos domingos, o dia de visitas, quando escravos ofereciam aos convidados o que tinham para comer. O ideal era distribuir a ração nas segundas-feiras

CASTIGO
Problema: Punir mulheres sem revoltar os homens
Solução: Nunca açoitá-las em público. O melhor era bater nelas dentro de casa, longe da ira masculina. Os "machos", porém, sofriam castigo exemplar: convocava-se a escravaria, o infrator era colocado numa carroça e chicoteado à exaustão. Em seguida, os senhores passavam pimenta, sal e limão nas feridas para aumentar a dor e evitar pústulas ou inflamações

DESCANSO DE DOMINGO
Problema: Manter os escravos ocupados nos domingos, os dias reservados ao Senhor
Solução: Um escravista verdadeiramente devoto a Deus não podia obrigar seu plantel à labuta nos domingos. Mas isso não significava lazer à vontade. Da alvorada até as 10h, os negros deviam lavar roupas e limpar a senzala. Depois, frequentar a missa, para se tornarem cristãos e caridosos. Só após o jantar estavam liberados para festas e brincadeiras - com a cachaça correndo por conta da casa-grande

CRIANÇAS E ESCRAVAS
Problema: O que fazer com as crianças?
Solução: Até os 5 anos, as crianças deviam ser nutridas com arroz, caldo de carne e mingau. Dos 5 aos 10 anos, os infantes recebiam leves tarefas de trabalho. O objetivo: fortalecer os músculos e moralizar o espírito. "Somente" aos 10 anos é que eram expostos a serviços mais pesados, que davam retorno ao bolso dos senhores


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Revoluções Inglesas

Revolução Puritana
- Em 1485 após conflitos entre as famílias York e Lancaster, os Tudor assumiram poder na Inglaterra
- A partir dai houve um grande período de desenvolvimento econômico e paz. O que contribuiu para que parlamento apoiasse os governantes.
- No inicio no séc. XVII com as mudanças econômicas os interesses da burguesia e da aristocracia que eram base de sustentação do rei, passa a ser cada vez mais distante.
- Aristocracia desejavam manter poder do rei, como rei vinha da aristocracia, ele tendia a beneficia-los
- Burguesia era contra interferência do rei na economia e dos privilégios concedidos a aristocracia. Queriam diminuição da cobrança de impostos, fim da concessão de monopólios a aristocracia.
- Além das diferenças econômicas, burguesia e aristocracia também apresentavam diferenças religiosas.
- Desde 1534 religião oficial da Inglaterra era o Anglicanismo, igreja de maioria aristocrática.
- Burguesia era de maioria puritano. 
Os reis da dinastia Stuart
- Diferenças entre puritanos e anglicanos se agravaram quando Elizabeth I faleceu sem deixar herdeiros.
- Parente mais próximo era seu primo Jaime Stuart  rei da Escócia.
- Ele foi coroado Jaime I em 1603.
- Sob sua coroa uniram-se as coroas da Inglaterra, Irlanda e Escócia.
- Jaime pretendia governar a Inglaterra de forma absoluta, ignorando o Parlamento.
- Para justificar seu autoritarismo ele usou a teoria do direito divino.
- Ideia que não foi muito aceita pelos ingleses que passaram a perseguir o rei.
- Além de perseguições a católicos e puritanos, Jaime I estabeleceu medidas politicas e econômicas que desagradavam a burguesia. Como o monopólio do comercio de tecidos.
- Entrou em conflito com membros do Parlamento ao tentar impor novos tributos aos ingleses.
- Muitos ingleses que migraram para América fugiam das perseguições impostas por Jaime I.
- Em 1625 Jaime morreu deixando seu filho Carlos I no trono.
- Carlos I também tomou medidas que desagradaram a burguesia. Tentou impor novos impostos sobre comercio, além de retomar a cobrança de impostos sobre mercadorias que passavam nos portos ingleses.
- Tais medidas geraram revolta na burguesia.  Para reprimi-las o rei foi obrigado a chamar o Parlamento para solicitar liberação de verbas para combate-las.
- Parlamentares aproveitaram e em 1628 criaram a Petição de Direitos, documento que propunha que Carlos I consultasse o Parlamento para criação de novos impostos.
- Em resposta Carlos mandou fechar o Parlamento em 1629, promovendo um governo fundamentado em seus poderes absolutistas.
- Para controlar economia, Carlos, fez empréstimos, multiplicou concessões do monopólio do comercio, e ampliou cobrança de impostos.
- Para reforçar seu poder, tentou impor a religião anglicana aos escoceses, o que os levou a invadirem a Inglaterra.
- Diante da crise rei foi obrigado a convocar novamente parlamento.  Que desta vez tomou controle do exercito, Carlos ainda tentou prender lideres do movimento mas sem sucesso.
- A partir dai iniciou uma guerra civil entre 1642 a 1648.
- Rei tinha apoio dos aristocratas, maioria dos membros do parlamento, e maioria anglicanos.
- Na oposição estava maioria comum, gentry, burgueses, estes mais radicais.
- Queriam fim da monarquia e estabelecimento da república.
Guerra Civil
- Oliver Cromwell organizou um exercito com soldados de vários segmentos, para lutar contra rei.
- Os Cabeças Redondas ficaram conhecido por seu desempenho e violência empregados.
- Os Cavaleiros do Rei, exercito formando pelo nobreza e o clero, foi oposição no conflito
- Ao ganhar disputa Cromwell proclamou a República conforme os planos puritanos

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

As consequências do Imperialismo

Mesmo estabelecendo uma extensa gama de justificativas, as nações imperialistas foram responsáveis pela criação de uma série de problemas nos países dominados. O tal “projeto civilizatório” defendido pelos partidários do neocolonialismo acabou trazendo mudanças e problemas que não se encerraram ainda hoje. Segundo vários estudiosos do assunto, os países africanos e asiáticos ainda experimentam os terríveis efeitos do controle desenvolvido no século XIX.

Uma das mais delicadas questões pode ser observada com relação ao processo de ocupação territorial. Muitas vezes, ignorando a historicidade e as diferenças dos povos de uma mesma localidade, os imperialistas fizeram com que um mesmo território agrupasse etnias e tribos rivais. Com isso, mesmo após a saída das potências industriais, estas regiões se mostram assoladas por conflitos, guerras civis e eventos genocidas de razões diversas.

Além disso, devemos enfatizar que a presença estrangeira foi acompanhada por um desenfreado interesse de se extrair ao máximo as riquezas naturais dos espaços colonizados. Dessa forma, nações que hoje poderiam usufruir de uma situação econômica e social de maior estabilidade, enfrentam o desafio de suportar a carestia de recursos considerados fundamentais para a sustentação de seu povo. Atualmente, várias regiões dominadas enfrentam os perigos da miséria e da pobreza.

Outra questão de grande importância gira em torno da desarticulação de vários costumes e tradições que estavam arraigados por séculos entre os povos dominados. Por se julgarem superiores às demais culturas existentes, os imperialistas perseguiam determinadas práticas culturais que delineavam a identidade dos povos dominados. Com isso, a autonomia de se pensar e conduzir a própria cultura estiveram visivelmente usurpados pela introdução das diretrizes ocidentais.

Atualmente, vários organismos de natureza internacional tentam auxiliar na recuperação das regiões mais gravemente assoladas. Paralelamente, vários ativistas políticos defendem que o prejuízo causado pela ação imperialista seja parcialmente aplacado pelo perdão da dívida externa das nações prejudicadas pelo imperialismo. De fato, será necessário um grande esforço para que todas estas mazelas cedam espaço para dias mais prósperos e felizes.

Fonte: Site Terra: Mundo Educação. Autor:  Rainer Sousa